Eu perdi alguma coisa. Não se trata de um brinquedo, de uma vida na fase final de Sonic the Hedgehog ou uma noite de sono para assistir ao [triste] final de Dragon Ball.
Perdi justamente aquilo que me motiva a continuar na busca vã pela cabeça de um brinquedo.
Foi numa tarde, eu estava numa situação qualquer onde eu mesmo esperava agir de forma tal, mas por fim agi doutra maneira. Não que eu tivesse feito uma contravenção, muito menos um crime e/ou pecado, mas algo tinha mudado. Dessa vez eu percebi e imediatamente pus-me a pensar se outrora tinha feito. Sim. Tinha feito.
Mudanças não planejadas. Atitudes diferentes. Duas frases que são mais que o bastante para pôr qualquer leandro em pânico.
E ai? Sei que mudanças são necessárias blah blah blah, sobretudo depois dos tempos na Germânia. Mas essas mudanças sutis de atitude? Não sei se vale o esforço para ao menos tentar identificá-las ou se vou na onda do que eu mesmo me torno. Gosto muito duma frase de Raul, “o homem é o exercício que faz”, vamos me fazendo.
Sim o verbo está conjugado certo, vamos – eu nem ninguém se faz sozinho. Em maior ou menor grau somos todos influenciáveis e direcionados. Por exemplo, o Samurai Jack me influencia muito enquanto Maria de Schwarzburg-Rudolstadt¹ não me influencia quase nada.
Muito eventualmente, é a mudança à fase adulta se consolidando.
Vamos ficando mais velhos, nossa inércia aumenta. Nossos hábitos se reforçam. Perdemos a imortalidade da infância e a esperança da juventude (Time, do Pink Floyd, gera certo incômodo). Aprendemos que não podemos mudar o mundo nem nosso país. O sistema é muito grande, te moldou e te absorveu sem que você notasse.
Vamos nos definindo mais, perdendo coisas inúteis a nosso convívio. Perdemos pessoas, ganhamos pessoas. Acumulamos lembranças, fortalecemos nossos vícios. Vamos levando com a barriga até a natureza consumir tudo. E acima de tudo, ganhamos forças para continuar.
Eu desejo a mim e a vocês, leitores, muito, mas muito daquela coisa.
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¹ Se quiser saber mais, eis ai http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_de_Schwarzburg-Rudolstadt