Nove mil oitocentos e cinquenta e cinco


Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir“. Aos 27 anos eu não faço ideia para onde ir, como ir, qual idioma falar, em qual divindade acreditar, se escolho entre o amor ou o ódio. Esse ano é ano de eleições gerais no Brasil – e isso não ajuda em nada.

Escutar as extremamente melancólicas músicas italianas também não ajuda muito, mas são bonitas (# fuori c’é il sole e gli occhi della luna por exemplo) e ajudam a manter a proficiência. Talvez a vida seja assim mesmo, nós temos um limite de aprendizado e depois temos apenas que manter a proficiência. Estou quase certo que tem uma música brasileira que fala que há limites. Raul Seixas? Pode ser um samba também. Ou talvez seja uma música dizendo que não há limites, não sei. Estou confuso.

Jamais pensei que estivesse tão cansado aos 27 anos.

O cansaço que sinto talvez seja o traço mais marcante nessa data natalícia. À essa altura vida eu já me formei, tenho um emprego suave, não é um cansaço físico (“estude, filho, pois a caneta é mais leve que que a enxada”), mas da cabeça, na cabeça. Vejo o mestrado que se aproxima e me questiono se terei energia para transpor (essa palavra tem acento? Não importa, nada me importa).

Vejo meus pais e parentes que viveram no Brasil nos anos 80 e 90, passando por confisco de poupança, exonerações compulsórias, inflação imbatível, escassez de alimentos, pelo Sarney e por tudo o mais que aqueles tempos tinham. E todos hoje passam pelos anos 2010s com um largo sorriso. Um gritante contraste entre minha geração e a deles.

Obrigado, mamãe e papai ❤

Tem um samba muito bom, com o prosaico nome de “Samba de verdade“. Ele diz assim “samba, levante essa voz. Se eu mereço perdão, venha me redimir”. A remissão pelo samba talvez seja tudo que eu precise. Nessa caminhada rumos aos 28, que eu fique onde tenha mais samba, que “não largue fruta boa no quintal ou fuja do carnaval para ter Paz no coração”.

Agradeço a Deus, a Nossa Senhora e a Santa Isabel. Peço para ter Paz e saúde, dessarte continuarei a evangelizar com meu realismo trágico mundo a fora.

Esse texto é extremamente protocolar. Não o levem muito a sério. Não me levem muito a sério.

PS1: A música em questão no 2º parágrafo era “Love me like there is no tomorrow”: “I guess there’s a limit on how far we go”.

PS2: 27 x 365 = 9855 dias em que estou nessa planeta. OK, não considerei os anos bissextos.

Perdi alguma coisa


Eu perdi alguma coisa. Não se trata de um brinquedo, de uma vida na fase final de Sonic the Hedgehog ou uma noite de sono para assistir ao [triste] final de Dragon Ball.

Perdi justamente aquilo que me motiva a continuar na busca vã pela cabeça de um brinquedo.

Foi numa tarde, eu estava numa situação qualquer onde eu mesmo esperava agir de forma tal, mas por fim agi doutra maneira. Não que eu tivesse feito uma contravenção, muito menos um crime e/ou pecado, mas algo tinha mudado. Dessa vez eu percebi e imediatamente pus-me a pensar se outrora tinha feito. Sim. Tinha feito.

Mudanças não planejadas. Atitudes diferentes. Duas frases que são mais que o bastante para pôr qualquer leandro em pânico.

E ai? Sei que mudanças são necessárias blah blah blah, sobretudo depois dos tempos na Germânia. Mas essas mudanças sutis de atitude? Não sei se vale o esforço para ao menos tentar identificá-las ou se vou na onda do que eu mesmo me torno. Gosto muito duma frase de Raul, “o homem é o exercício que faz”, vamos me fazendo.

Sim o verbo está conjugado certo, vamos – eu nem ninguém se faz sozinho. Em maior ou menor grau somos todos influenciáveis e direcionados. Por exemplo, o Samurai Jack me influencia muito enquanto Maria de Schwarzburg-Rudolstadt¹ não me influencia quase nada.

Muito eventualmente, é a mudança à fase adulta se consolidando.

Vamos ficando mais velhos, nossa inércia aumenta. Nossos hábitos se reforçam. Perdemos a imortalidade da infância e a esperança da juventude (Time, do Pink Floyd, gera certo incômodo). Aprendemos que não podemos mudar o mundo nem nosso país. O sistema é muito grande, te moldou e te absorveu sem que você notasse.

Vamos nos definindo mais, perdendo coisas inúteis a nosso convívio. Perdemos pessoas, ganhamos pessoas. Acumulamos lembranças, fortalecemos nossos vícios. Vamos levando com a barriga até a natureza consumir tudo. E acima de tudo, ganhamos forças para continuar.

Eu desejo a mim e a vocês, leitores, muito, mas muito daquela coisa.

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¹ Se quiser saber mais, eis ai http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_de_Schwarzburg-Rudolstadt

 

Quando eu morri


Esse texto EM NENHUMA CONDIÇÃO representa qualquer verdade crida e confessada pela Igreja Católica em NENHUM DE SEUS DOCUMENTOS. TRATA-SE SOMENTE DE FRUTO DA CRIATIVIDADE DO AUTOR, QUE NÃO ALEGA NENHUM DOM ESPIRITUTAL SOBRE ESSE TEXTO. De forma que se buscou não ultrapassar em nenhum momento as fronteiras da heresia ou qualquer outra coisa que possa ser danosa a Fé cristã. Tampouco exemplifica qualquer visão post mortem crida pelo autor, que confessa as verdades do cristianismo.

AMDG

Quando eu morri, fui levado por meu anjo da guarda a um lugar infinitamente grande, onde o céu e terra pareciam ser um só, da mesma cor, branco. A única coisa que se destacava era uma luz que parecia estar longe, muito longe. Eu já havia sentido a mesma coisa em algum momento da minha vida que não me lembro exatamente qual.

Não demora muito chega Santa Isabel, Rainha de Portugal. O anjo entrega para ela uma folha; falando o que estava escrevendo “sempre trabalhou na igreja a mim dedicada, suas preces se voltavam para mim quando algum problema o atormentava e desejava que fosse transformado em flores. Fui testemunha da alegria da celebração dos sacramentos e da tristeza da penitência. Houve, contudo, algumas vezes que suas funções eram salpicadas com um resíduo de má vontade”. Indicou-me o caminho a seguir; enquanto andávamos em direção a luz, falava sobre como foi deixar a riqueza do castelo para viver num convento. E também ia me apresentando seus amigos. Nossos amigos.

O primeiro a ser cumprimentado foi São Sebastião. Sta Isabel entregou a ele a folha, onde escreveu “embora houvesse uma igreja a mim dedicada próxima a sua residência, frequentava uma igreja mais longe – sem nenhum problema a sua piedade – ao contrário, ficava feliz ao ver uma pessoa encontrar sua casa. Não deixava de cumprir os preceitos nos dias e solenidades a mim festejados”. Devolveu a folha e colocamo-nos a andar novamente.

Mais a frente encontramos São Francisco Xavier, na folha ele escreveu “Lembro-me de como achava a minha paróquia suntuosa, demorou para perceber que a verdadeira beleza da casa de Deus é a mesma da mais rica basílica a mais simples capela. Pedia minha ajuda nos estudos, cumprindo nas Santas Missas as promessas que fizera para conseguir seus diplomas no CEFET. Eu nunca entendi, nem ele, a piedade que tinha por mim”. Nesse momento eu pensei que nunca havia realmente entendi o que significa Piedade. O anjo riu para mim.

Em nosso encontro veio Santo Inácio de Loyola, “sempre teve atração pela Companhia de Jesus, suas tradições, seus métodos e exercícios espirituais. Minha história quis ter por sua, até aprender que cada um tem sua história, cada um tem sua piedade, como é dito na Oração Eucarística da missa ‘a fé que só o Senhor conhece”.

São Judas Tadeu veio até nós “corroboro nos pedidos de estudo. Sempre pedia disposição para estudar, mas deixava todos os estudos  para última hora; graças que tinha boa memória”.

Parei um pouco para observar ao redor. A luz que outrora parecia noutro planeta, um simples ponto de estrela, agora estava mais forte. Sinal que estávamos chegando perto.

Logo em seguida vimos São José, São Joaquim e Santa Ana. Conversamos sobre família, amizades, planos idealizados e jamais cumpridos, perseverança. Por fim escreveram “ele buscou honrar pai e mãe, devolver aquilo que eles haviam lhe dado e confiado. Custou a aprender que a devolução era consequência do amor mútuo, e não precisava de bens materiais para isso”.

Caminhamos mais algum tempo, na verdade a palavra tempo não faz muito sentido pois não havia nada que pudesse ser referenciado como zero segundo.

Por fim chegamos a luz. Era na verdade um farol, com uma chama acessa eternamente. Que apontava o caminho correto para o que veria um tantinho mais a frente.

Erguiam-se frente aos meus olhos uma muralha imponente, que era capaz de tocar o céu. Era firme, dava total segurança a seus habitantes. Busquei algum brasão que pudesse identificá-la, e mesmo que o tivesse achado meus conhecimentos em heráldica nunca foram muito bons.

Na portaria da parede estava São Pedro. Não havia chaves, de fato nem sequer havia portões. Explicou-me que a Palavra do Senhor que sustenta Céu e Terra também sustenta a ordem das coisas. Falamos sobre a dificuldade de viver entre os mesmos, sobre traição e lealdade, sobre poder e autoridade. “A cada Ave-Maria e Pai-Nosso que você fazia subir a mim pedindo proteção ao papa e a Igreja eu fazia descer outros 50 para você, afinal Deus não precisa me dar forças para defender ou propagar o Evangelho, você precisava. A Igreja militante precisa”.

Do outro lado do portão havia um crucifixo, perguntei o porquê, “é para lembrar aqueles que passam por esta porta que o convite já foi pago, a presença da estola na cruz indica que aqui sempre temos a alegria da Páscoa de Cristo”.

Caminhamos para uma sala no lado externo da muralha, onde não demora a entrar São Miguel. Sta Isabel entrega-lhe a folha e sai da sala, dizendo que estará rezando por mim pela última vez. O arcanjo escreve “sempre disposto a batalha, com respeito a hierarquia das ordens se esforçou a ser bom soldado da milícia cristã, e como todo soldado teve medo em algumas batalhas”.

Por fim, entra na sala Maria Santíssima. Levanto-me. Quase num impulso abraço minha mãe; e me pergunto mentalmente porque eu agi no jardim do Céu como se conhecesse todos os santos como amigos íntimos, como se os visse todos os dias.

Ela olha a folha serenamente e com uma calma sem igual diz “não tenho nada mais a acrescentar, suas orações a todos os santos você também dirigia a mim, e todas escutei e por todas pedi que a Providência fizesse o que fosse melhor para você; quando o medo apertava e você se sentia longe de meu Filho, me chamava para por-lhe novamente em um lugar digno. Sei que tentou em sua vida, com esforço, dificuldade, medo, erros e acertos, fraqueza, problemas e tudo mais, fazer ser verdadeira a frase que eu falei a meu Filho há tanto tempo ‘fazei tudo que Ele mandar’. Sua alegria nas festas em minha homenagem era legítima, sabia de sua ansiedade e felicidade a cada oito de dezembro, bem como no quatro de julho, que você dizia ser as ‘santas queridas do meu coração’. Não tenho mais o que escrever aqui”.

Fecha a folha num envelope timbrado com doze estrelas e lacra-o. Entrega a São Miguel, que some – agora há somente o Cordeiro por mim.

Maria sai pela porta e pergunto “Senhora, onde está indo?”.

“Estarei rezando por você. Pela última vez”.

Omnes Sancti et Sanctæ Dei. Orate pro nobis.

A morte perpetua. Libera nos, Domine.

Peccatóres. Te rogamus, audi nos.

Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi. Exáudi nos, Dómine.

Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi. Miserére nobis.

Agnus Dei, qui tollis peccáta mundi. Christe, exáudi nos.

Blog de Todos os Santos


Salve Jorge! Salve Francisco! Salve Pedro! Salve Isabel! Ave Maria!

E o tempo passa, parece que foi ontem que migrei para o  WordPress. Esperei a solenidade cristã de Todos os Santos para inaugurar essa nova plataforma. Hoje, um ano depois, volto a celebrar a data com um post de aniversário. Na realidade, os acessos diários ao blog são pouquíssimo, e no universo padrão dos blogs isso seria motivo de tristeza. Não para mim! Não escrevo sob o julgo da popularidade ou da fama. O faço tão somente porque gosto de ler e escrever – não sei cantar, compor ou pintar, a escrita é minha arte. Quando peço para acessarem o blog, o faço para ter meu texto analisado e julgado, a qualidade da escrita é o que importa, e o comentário de vocês ajuda-me a apontar novos rumos e afiar as palavras.

E como eu me amarro num tradição, aproveito hoje para lançar ao mundo meus amigos Liberdade e Comuna. Eu infelizmente não sei desenhar, nem tenho muita familiaridade com as artes iconográficas. Mas eu conheço o MS Paint de outras festas… Não é para ser bonito, não é para ser imparcial nem verdadeiro. É apenas para ser uma gozação com os sistemas de produção (Salve Lenin! Salve Smtih!). Se eu escrevo mal, desenho ainda pior – mas sob o mesmo espírito de não me importar com acessos, o faço porque gosto.

Com isso, prezados leitores, saudo-vos com saravá para quem for de saravá; com shalom para quem for de shalom; com Pax Christi para quem for de Pax Christi; com Salaam Aleikum para quem for de Salaam Aleikum. Meu blog confessa a sacrossanta Fé romana, porém o respeito às religiões é componente fundamental e indissociavel do respeito às Tradições dos povos, sobre a qual tanto escrevo, tanto converso, tanto penso.

E para finalizar, relembro um dos meus primeiros tweets. Desde aquele tempo recente (sic) eu convido à reflexão sobre o uso da faculdade de pensamento, exclusiva ao mulher ser humano, é preciso propagar as ideias, é preciso ter ideias! Ideias, pensamentos grandes ou pequenos, estratégicos ou táticos. Só assim, quando todo homem ser humano pensar o mundo será melhor.

https://twitter.com/#!/leandro931/status/11011503330

Ainda sobre devaneios e publicação de ideias, eu tenho um Tumblr que quase não posto nada e uma página com textos maiores. Esses dois sites comportam textos que não são os objetivos desse blog, por isso estão segregados.

E finalizo esse post por aqui, achando graça que no título haja menção religiosa e no corpo do texto não haja.

Postagem de Aniversário


Imploro àqueles que por ventura eu tenha feito algum mal que me concedam a chance de pedir desculpas. Minha vida tem sido um singular presente de Deus que não sei quando será recobrado. E não gostaria de morrer com alguma dívida, sem ter tido oportunidade de me desculpar ou reparar o erro.

Com o favor de Deus, hoje consigo ver o planeta dar sua vigésima volta ao redor do sol. Às 12h35min do dia 16 de janeiro de 1991 eu nasci – aqui chamo atenção para o fato do horário de verão alterar os valores precisos.

Por duas décadas de vida eu agradeço.

Agradeço a Deus, cuja Palavra sustenta o universo.

Agradeço a Maria Santíssima por sua celestial proteção maternal.

Agradeço a meu pai e minha mãe que a despeito de todas crises econômicas e sociais conseguiram me criar no limite máximo da dignidade.

Agradeço a todos que de alguma forma me ajudaram a ser o que sou, com acertos e erros.

Termino agradecendo a Deus, que é o Princípio e Fim de todas as coisas, Alfa e Ômega.

Postagem de Todos os Santos


Uma antiga tradição ocidental é fazer grandes festas e comemorações em dias solenes a toda cristandade e a Igreja. E vocês sabem que eu me amarro numa tradição.

Não que a estréia do meu novo blog seja tão solene quanto a sagração de um rei, mas aproveito o dia em que os cristãos comemoram a solenidade de Todos os Santos para postar pela primeira vez no blog da WordPress.

(Não se trata de um post catequético onde direi que essa data é comemorada pela Igreja no primeiro domingo do mês de novembro, sendo sucedida pela solenidade de Cristo-Rei e começando assim um novo ano litúrgico. Fiquem tranqüilos não será.)

Como vocês devem saber, o serviço de blog da Microsoft será o WordPress, a migração já começou. Antecedi-me ao fato.

Como vocês devem ter percebido meu MSN e blog são os únicos serviços web que não são da franquia 931. Não eram. Esse blog já está como 931, e meu MSN em breve retornará para 931. (já me perguntaram se eu era evil friendly [sic] por causa desse número. A razão dessa combinação é razão para outro post, ie, são proporcionais [trocadilho]).

O layout do blog possivelmente sofrerá mudanças. Me pergunto se layout ainda é uma palavra usada. Tempos que não uso/falo/escrevo/penso/sugiro essa palavra. Acho que uso design, estilo, template, desenho ou qualquer outra palavra que o valha. Mas layout… Sinceramente, Leandro. As pessoas vão achar meu blog um alfarrábio (essa palavra eu uso com alguma freqüência).

Enfim, com esse post estou debutando o serviço da WordPress. Pretendo postar alguns vídeos no meu canal no YouTube e escrever com mais freqüência (e maior qualidade), mas tudo gira em torna da faculdade. A Engenharia é um buraco-negro que me toma tudo aquilo que me dá algum prazer, não me permite fazer cosias senão estudar vetores e circuitos. Se vale a pena? Vale sim, desde pequeno quero ser engenheiro eletrônico, e pressinto que sentirei falta disso tudo quando me formar. Eu espero me formar, se Deus quiser…

E para não deixar passar, no Dia de Todos os Santos a Mãe Igreja celebra todos os santos – reconhecidos ou não –, mártires e pessoas que já estão na Glória de Deus.